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POR QUE PULAR DEGRAU SE A GENTE PODE VOAR?
Nunca fui fã de espetáculos infantis, para infância, infanto juvenis, e todas as demais nomenclaturas para dizer que uma criança pode assistir a determinada peça. Dessa vez tudo foi diferente, como sempre na Cia. Cacos de Teatro, onde tenho prazer de trabalhar, todos os dias (incluindo sábados e domingos – isso tem que ser reforçado, porque tem neguinho que diz adorar fazer tal coisa quando na verdade não sai de uma redoma confortável e bastante “auspiciosa” como se diz na novela da Globo).
Por algum motivo, nós sentimos a necessidade de experimentar algo que abrangesse a infância também. Repito: também. E não apenas a infância. Foi aí que pedimos, imploramos, obrigamos, praticamente, o Madson a escrever o texto. Pessoalmente, eu achava que não era um momento muito interessante mas, hoje, acredito que deva ter sido o momento ideal para que o texto tenha 'nascido'.
Começamos o processo: precisávamos de 6 atores e só tínhamos 4, os personagens protagonistas Paulo e Raquel ainda não tinham corpos para habitarem fora do “mundo das personagens” (que eu insisto em acreditar que existe). O mais difícil não foi encontrar novos atores que pudessem encarar o trabalho – e , diga-se de passagem, tinham que ser novos atores, porque em Manaus, não encontramos nenhum que já tivesse uma carreira desenhada na cidade e que pudesse satisfazer nossas necessidades artísticas -, o difícil foi ter a certeza de que aqueles (Ana Paula Costa e Denys Carvalho) eram os ideais, se é que isso existe.
De cara, creio que a Ana Paula (Aninha) mostrou que a Raquel era ela sim e tava difícil de alguém tomar esse posto. O mesmo não aconteceu com o Denys. Entre se ele queria mesmo aquilo, se nós queríamos, se o personagem Paulo também o queria, era uma grande nuvem nebulosa que nos atrapalhava e apenas uma coisa, nos fazia acreditar que devíamos prosseguir mesmo assim: o enorme esforço do Denys. Nitidamente, com problemas fisiológicos em relação a sua voz, que ele precisou, e ainda precisa superar. São obstáculos que dificilmente vemos garra em alguém o suficiente para fazer o mesmo e, claro, quem ganha é o próprio com tudo isso.
Quero deixar claro que os dois “convidados” nos mostraram e mostram em gratas surpresas nos ensaios e apresentações que sabem o que estão fazendo e apesar dos inúmeros puxões de orelha de mim, como preparador vocal e amigo, dos diretores, dos nossos demais colegas de cena, das formigas do SESC, do vento. Eles aprenderam a transformar tudo em degraus para subir na escada que os levará, com certeza, aos próprios mundos misturados, como diz o texto do Madson.
E ainda tivemos uma triste (re)novidade, uma das atrizes saiu do processo e precisávamos substituí-la o quanto antes. Como já 'namorávamos' trabalhar com uma amiga nossa, excelente atriz, Carol Santa Ana, esse foi o momento: faltando um mês para a estreia ela assumiu o desafio e nos mostrou uma Rainha Clarice absolutamente diferente do que pensávamos ou imaginávamos e a cada vez que entra em cena nos enobrece tê-la conosco, agora para sempre (risos).
Lord River seria interpretado pelo diretor/autor/figurinista/maquiador/cenógrafo, Francis Madson e ele não o quis mais pois talvez estivesse fazendo coisas demais na peça (ninguém imagina o quê) e aí entra em cena um também novo ator: Jean Ricardo que virou Jean Palladino por motivos que nunca serão revelados (risos). O Jean tem postura de ator. Cheio de técnicas, forte e consciente. Você saber onde está, o que está fazendo e aonde pretende chegar, ajudam você a não ser mais um perdidinho da história. Isso é maravilhoso.
Eu já conhecia Dyego Monnzaho, que interpreta brilhantemente o Gato Olhos de Prata, acabamos de sair de uma peça onde dividimos cena por 49:20 minutos, porque os outros 40 segundos são do Madson, e por isso já sabia de todo o seu talento, força, presença e beleza cênica.
A direção, consequentemente assistência – Gabriel França, foram primorosos porque nós somos bem difíceis de dirigir. É normal, amamos o que fazemos, a companhia é de todos nós, enfim...
E me surpreendeu muito, muitíssimo o que se tem alcançado com o “Por que pular degrau se a gente pode voar?”. Me emociona muito ter podido participar de um processo tão enriquecedor, tão valente e tão vigoroso que nos faz escrever um texto desses, quando se está com enormes dores na coluna.
A todos muito obrigado por acreditarem, aceitarem, mudarem, chorarem e arrasarem, sempre!!
Um grande beijo, mais uma vez obrigado,
Por algum motivo, nós sentimos a necessidade de experimentar algo que abrangesse a infância também. Repito: também. E não apenas a infância. Foi aí que pedimos, imploramos, obrigamos, praticamente, o Madson a escrever o texto. Pessoalmente, eu achava que não era um momento muito interessante mas, hoje, acredito que deva ter sido o momento ideal para que o texto tenha 'nascido'.
Começamos o processo: precisávamos de 6 atores e só tínhamos 4, os personagens protagonistas Paulo e Raquel ainda não tinham corpos para habitarem fora do “mundo das personagens” (que eu insisto em acreditar que existe). O mais difícil não foi encontrar novos atores que pudessem encarar o trabalho – e , diga-se de passagem, tinham que ser novos atores, porque em Manaus, não encontramos nenhum que já tivesse uma carreira desenhada na cidade e que pudesse satisfazer nossas necessidades artísticas -, o difícil foi ter a certeza de que aqueles (Ana Paula Costa e Denys Carvalho) eram os ideais, se é que isso existe.
De cara, creio que a Ana Paula (Aninha) mostrou que a Raquel era ela sim e tava difícil de alguém tomar esse posto. O mesmo não aconteceu com o Denys. Entre se ele queria mesmo aquilo, se nós queríamos, se o personagem Paulo também o queria, era uma grande nuvem nebulosa que nos atrapalhava e apenas uma coisa, nos fazia acreditar que devíamos prosseguir mesmo assim: o enorme esforço do Denys. Nitidamente, com problemas fisiológicos em relação a sua voz, que ele precisou, e ainda precisa superar. São obstáculos que dificilmente vemos garra em alguém o suficiente para fazer o mesmo e, claro, quem ganha é o próprio com tudo isso.
Quero deixar claro que os dois “convidados” nos mostraram e mostram em gratas surpresas nos ensaios e apresentações que sabem o que estão fazendo e apesar dos inúmeros puxões de orelha de mim, como preparador vocal e amigo, dos diretores, dos nossos demais colegas de cena, das formigas do SESC, do vento. Eles aprenderam a transformar tudo em degraus para subir na escada que os levará, com certeza, aos próprios mundos misturados, como diz o texto do Madson.
E ainda tivemos uma triste (re)novidade, uma das atrizes saiu do processo e precisávamos substituí-la o quanto antes. Como já 'namorávamos' trabalhar com uma amiga nossa, excelente atriz, Carol Santa Ana, esse foi o momento: faltando um mês para a estreia ela assumiu o desafio e nos mostrou uma Rainha Clarice absolutamente diferente do que pensávamos ou imaginávamos e a cada vez que entra em cena nos enobrece tê-la conosco, agora para sempre (risos).
Lord River seria interpretado pelo diretor/autor/figurinista/maquiador/cenógrafo, Francis Madson e ele não o quis mais pois talvez estivesse fazendo coisas demais na peça (ninguém imagina o quê) e aí entra em cena um também novo ator: Jean Ricardo que virou Jean Palladino por motivos que nunca serão revelados (risos). O Jean tem postura de ator. Cheio de técnicas, forte e consciente. Você saber onde está, o que está fazendo e aonde pretende chegar, ajudam você a não ser mais um perdidinho da história. Isso é maravilhoso.
Eu já conhecia Dyego Monnzaho, que interpreta brilhantemente o Gato Olhos de Prata, acabamos de sair de uma peça onde dividimos cena por 49:20 minutos, porque os outros 40 segundos são do Madson, e por isso já sabia de todo o seu talento, força, presença e beleza cênica.
A direção, consequentemente assistência – Gabriel França, foram primorosos porque nós somos bem difíceis de dirigir. É normal, amamos o que fazemos, a companhia é de todos nós, enfim...
E me surpreendeu muito, muitíssimo o que se tem alcançado com o “Por que pular degrau se a gente pode voar?”. Me emociona muito ter podido participar de um processo tão enriquecedor, tão valente e tão vigoroso que nos faz escrever um texto desses, quando se está com enormes dores na coluna.
A todos muito obrigado por acreditarem, aceitarem, mudarem, chorarem e arrasarem, sempre!!
Um grande beijo, mais uma vez obrigado,
Taciano Soares
Ator [Sra. Rosto de Leque]
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